RADICALISMO SEM RISCOS

Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi são dois daqueles sacerdotes mencionados na nota "A falta que faz a concorrência". Ambos pertencem a um grupo que surgiu recentemente e que é muito curioso: a categoria dos revoltados “a favor”, que ganha a vida defendendo de forma irreverente e com muita contundência, a ideologia política e econômica dominante nos grandes meios de comunicação. Arnaldo Jabor é um ex-cineasta e um ex-comunista, mas que hoje, convertido às maravilhas do capitalismo – afinal, ninguém é de ferro -, largou mão de fazer filmes e ganha a vida esculhambando o que ele chama de “esquerda idílica, quixotesca e utópica". Uma tarefa seguramente mais mole do que produzir cinema neste país sem cultura. Já o Diogo Mainardi, jovem ainda, é uma espécie de pistoleiro verbal da revista Veja, tal a virulência que utiliza contra os desafetos da publicação. Os dois querem ocupar o lugar do falecido jornalista Paulo Francis. Mas ainda vão ter que “comer muito feijão” pra chegar perto dele, já que não têm, nem de longe, bagagem cultural suficiente...