OBSERVADOR DA QUALIDADE

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CORTINAS DE FUMAÇA

Angustia-me todo esse ufanismo que se vê com relação aos acontecimentos da semana passada no Rio de Janeiro.  A velha mídia, sequiosa de audiência e sob o disfarce do “dever da informação”, se refestelou com a possibilidade de transmissões espetaculosas ao vivo. Repórteres exultantes, vestindo coletes à prova de bala, diziam sentirem-se correspondentes de guerra. Pra depois irem dormir numa cama quentinha em um local bem seguro. Joel Silveira deve estar se revirando na cova.

Tenta-se vender a idéia de que, finalmente, o poder público teria enfrentado e vencido o crime organizado. No entanto, passa-se ao largo da causa principal desta terrível doença, a verdadeira raiz da violência no Brasil. Alguns sintomas da enfermidade já se fizeram notar nas primeiras ações que se sucederam à “ocupação” do chamado Complexo do Alemão, com as denúncias de abusos e desvios de conduta. Como disse o antropólogo Luiz Antônio Soares, no programa “Roda Viva”, da TV Cultura de São Paulo, na segunda-feira passada: a ocupação que deveria ocorrer ainda não aconteceu e não seria meramente territorial e sim em determinadas instituições, cuja moléstia somente será curada com intervenção cirúrgica drástica.

Essas coisas se dizem com muito cuidado, às vezes até usando metáforas, pois são poucos os que têm vocação para o martírio. O único que vi colocar de fato o “dedo na ferida”, falando com todas as letras qual é a causa primeira dos nossos problemas de segurança, foi o candidato Plínio de Arruda Sampaio, durante o debate promovido pela CNBB, ainda na campanha do primeiro turno das eleições presidenciais. Mas ninguém deu bola, pois afinal já tinham carimbado o candidato do PSOL com a pecha de “velho gagá”. (Dezembro/2010) - >>segue