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SE ISSO FOR JORNALISMO, BERIMBAU É GAITA.

Não adiantava querer escapar. Por aonde você ia, sempre alguém perguntava: e o “caso Isabella”? Eu sempre respondia com outras perguntas: quer saber o que acho sobre o comportamento da mídia? Da polícia? Do promotor? Dos advogados de defesa? Do pai? Da madrasta? Da mãe? Do avô? Da avó? Cada personagem destes exerceu um papel, deliberadamente ou não, a provar como é possível manipular outro componente deste triste episódio (em vários sentidos), que é a opinião pública.

Vamos nos ater à mídia, mais especificamente à TV, que, aliás, já teve a defesa de sua conduta feita prontamente pelo jornalista Reinaldo Azevedo, um dos “pistoleiros” da revista Veja. Não se poderia esperar outra coisa de quem se vale da maior revista semanal brasileira para difundir ódios e preconceitos.

Ninguém duvida de que, ao acirrar os ânimos da população, os apresentadores da televisão, principalmente daqueles programas da tarde, querem única e simplesmente aumentar a audiência que lhes garante o faturamento. Não é outra senão esta a intenção de quem faz uma longa reportagem na escola onde estudava a pobre criança, no dia em que ela faria aniversário, com direito a ouvir os depoimentos das amiguinhas. Ou então quem dá amplos espaços a um bando de desocupados, candidatos a linchadores assassinos, loucos pra aparecer.

Mas o pior mesmo é que eles, os apresentadores, conseguiram o seu intento. Segunda o jornal Folha de São Paulo durante a cobertura do trágico “caso Isabella”, a audiência desses programas aumentou até 46%, como o “Brasil Urgente” do inefável Datena, da Bandeirantes. Outro campeão do sensacionalismo, o "Balanço Geral", da Record, cresceu 25%. Até o "Jornal Nacional" da TV Globo, aumentou seus telespectadores em 9%.

Aliás, o outrora circunspecto Jornal Nacional talvez mereça a taça de “pergunta do ano”, quando o repórter indagou ao porteiro do prédio que foi palco do funesto acontecimento: “o senhor ficou muito chocado ao ver a criança caída no chão?” Imagino que o porteiro poderia ter respondido: “Eu não. Já tô acostumado. Dia sim, dia não, cai uma criança lá de cima”.

(Maio de 2008)