TÁ RUIM, MAS PRA
ALGUÉM TÁ BOM
Outro dia assisti a ministra Carmen Lúcia,
do STF, no “Sem Censura”, da TV Brasil, programa de debates na televisão,
conduzido pela jornalista Leda Nagle, com muita qualidade. Desses programas
de TV que a revista Veja comemora a baixa audiência. Questionada sobre a
histórica lentidão da justiça brasileira, a ministra disse: “se estamos
há tanto tempo falando disso e não muda, é porque tem alguém que não quer
que mude, pois está se beneficiando desse mal”.
Sim, são muitas as áreas que ganham com a
lerdeza do nosso judiciário. Pode-se fazer o mesmo raciocínio para outros
segmentos em que o setor público sempre vai mal no Brasil: saúde, educação,
segurança...
Reflita um pouco e você vai perceber a
verdadeira indústria que vive – e muito bem – destas fragilidades. Até a
diariamente amaldiçoada carga tributária, onerosa e complexa, propicia
enormes ganhos para determinados setores.
Fosse a nossa educação um pouco melhor, até
a gloriosa televisão brasileira teria de se mexer e agregar melhor conteúdo
à sua inegável capacidade tecnológica.
Portanto, quando ouvir que os políticos não
querem que nada mude no Brasil, saiba que esta é só parte da verdade. Diz o
senso comum que a educação não melhora porque não interessa aos políticos,
pois um povo mais educado certamente mudaria a maior parte deles. É verdade.
Mas muitos dos políticos são meros instrumentos utilizados por movimentos
poderosos e subterrâneos, que agem de forma oculta para impedir que mudanças
aconteçam. Da boca pra fora, clamam por mudanças, mas, sorrateiramente,
solapam qualquer tentativa de avanço.
Já nos séculos XV ou XVI, o célebre Nicolau
Maquiavel declarou: Nada é mais difícil de realizar, mais perigoso de
conduzir, ou mais incerto, quanto ao seu êxito, do que iniciar a introdução
de uma nova ordem de coisas, pois a inovação tem como inimigos todos aqueles
que prosperam sob as condições antigas.
(fevereiro/2013)