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MEMÓRIA X HISTÓRIA

Outro dia ouvi numa rádio a professora Rosane Godoy declarar que tem a intenção de estudar a história do prédio onde se situa hoje a sua escola de idiomas. Saudável iniciativa. Acredito que a história mais recente da cidade está se perdendo por falta de quem a registre, a partir da coleta de depoimentos de quem conhece ou viveu os fatos. Mesmo que seja para divulgação bem mais tarde, nos casos mais polêmicos. Muitas pessoas que poderiam dar uma enorme contribuição neste aspecto já morreram. Desconheço se alguém anotou suas memórias. Nota-se uma ou outra iniciativa, com depoimentos publicados em jornais, mas tudo feito superficialmente, sem muito aprofundamento. Acho ótimo que se pesquise à exaustão a Guerra do Contestado, mas não podemos ficar restritos a isso. Cito três casos, como exemplo: Heinz Fischer foi um conhecido empresário da cidade. Em 2006, aos 77 anos de idade, morreu vitima de um acidente enquanto pilotava uma motocicleta. O acidente foi divulgado na mídia com a costumeira linguagem dos Boletins de Ocorrência, sendo ele simplesmente descrito como “um motociclista de 77 anos”. Além de empresário, Heinz Fischer era uma espécie de aventureiro, capaz de percorrer cerca de 1.600 km pelo rio Araguaia, num pequeno bote a remo, juntamente com dois amigos, Adolfo Haag e Ito Pazda, estes bem vivos ainda. Na empreitada, eles levavam apenas óleo de cozinha, farinha de trigo, sal e fósforos, alimentando-se só do que pescavam. Verdadeiros “Indiana Jones” caboclos. Outro caso é de D. Ruth Colodel, primeira-dama do município de 01.02.1961 a 31.01.1966, período em que foi prefeito seu marido, o advogado João Colodel. Não bastasse isso, consta que foi a primeira mulher a aparecer por aqui, em público, vestindo calças compridas. O que não era pouco para a época. Sua morte, em 2007, não mereceu dos jornais mais do que um convite para missa de sétimo dia, certamente colocado pelos familiares dela. Talvez os próprios jornais devessem pesquisar um pouco mais a respeito das pessoas sobre as quais dão notícias.

Por último cito o caso “Chiquinho de Lima”, ocorrido nos anos 1950, que colocou em confronto as figuras mais ilustres da cidade na época e envolveu duas mortes. Hoje, há até ruas na cidade com os nomes dos falecidos. Fico a pensar se os moradores destas ruas sabem quem foram eles. Ainda existem pessoas perfeitamente lúcidas que têm bem vivos os fatos na memória. Bem que algum de nossos historiadores poderiam se ocupar disso. Afinal, quem tem a técnica são eles. Nós somos só palpiteiros nessa área. (maio de 2009)