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ESTADO COLONIZADO

Em 2006, num curso em São Paulo, a auto-apresentação dos participantes consistia em informar vários dados pessoais entre os quais o estado de origem e o time de futebol do coração. Quando chegou minha vez, eu disse que era de Santa Catarina e torcia pelo Vasco. As outras pessoas, oriundas de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, estranharam um catarinense torcer por um time carioca. Naquele ano, o Figueirense despontava na divisão principal do campeonato brasileiro, tornando o futebol catarinense conhecido em todo o Brasil. Expliquei que eu era do tempo em que não havia futebol em Santa Catarina. Todos riram e ficou por isso mesmo.

Mas, para mim, o assunto não se encerrou. Voltei a lembrar disso agora, por ocasião do jogo Grêmio e Internacional, o Grenal do dia 25 de outubro passado. Além de movimentar todo o nosso vizinho estado de baixo, mexeu também conosco por aqui em SC. Por estas bandas teve até uma emissora de rádio que promoveu um “bolão” pra ver quem acertava o resultado.

Qual a razão pela qual as pessoas de SC torcem por times de outros estados? De fato, jamais houve tradição futebolística nos times da capital do estado além das fronteiras da Ilha de Santa Catarina ou do Estreito. Figueirense e Avaí, nunca seduziram os torcedores das cidades do interior de SC. A rigor, há até certo preconceito contra a cidade de Florianópolis. Escuta-se amiúde que todo o estado trabalha pra mandar dinheiro pra lá, que seria uma cidade de “funcionários públicos”. Embora há muito tempo isso não seja verdade, este pensamento ainda é generalizado. Sem falar naqueles que dizem que os “manezinhos” são os “baianos do sul”, envolvendo na malevolência os nativos da Bahia.

A ponto de, alguns anos atrás, um deputado estadual ter sugerido a realização de um plebiscito para que os catarinenses decidissem se queriam mudar a capital para Curitibanos, geograficamente melhor localizada, considerando a eqüidistância. Funcionou o lobby pró-Ilha e a proposta não passou na Assembléia Legislativa, pois eram grandes as chances da mudança ser aprovada. Mas o que tem isso a ver com o futebol, que entre as coisas sem importância é uma das mais importantes? Penso que é exatamente isso: preferimos times de outros estados porque, além do preconceito contra a nossa capital, tem ainda a distância dela para as demais cidades. E, para completar, a emissora de televisão que tem o monopólio de transmissão de jogos em SC também contribui para essa, digamos, alienação. Atualmente disputando a segunda divisão do campeonato brasileiro de futebol, o Figueirense tem seus jogos transmitidos apenas para a região de Florianópolis. E podemos assistir apenas pela TV a cabo os jogos do Avaí, nosso atual representante na primeira divisão.

 Bem, eles, da empresa de televisão, são gaúchos. Talvez este fato explique tudo. Assim, de geração em geração, a maioria dos catarinenses continuará torcendo pelo Grêmio, Internacional, Vasco, Corinthians, Flamengo, Coritiba, Atlético Paranaense...  (novembro/2009)