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Monografia 4.2
A
Filosofia “Toda a Reclamação é um Presente”
BARLOW
e MOLLER (1996) prosseguem, dizendo que uma reclamação é uma declaração de
expectativas não satisfeitas. Sorte das Organizações que ouvem com mente
aberta estas reclamações, tornando-as presentes e não permitindo que os
Clientes simplesmente vão embora. Quando
algo positivo acontece, as pessoas tendem a atribuí-lo a si mesmas, mas quando
ocorre uma falha a maioria das pessoas culpa outros indivíduos ou sistemas.
Para os Clientes isto significa que empregados, principalmente os mais acessíveis,
devam ser os culpados desta falha no serviço. Os empregados, da mesma forma,
quando ouvem reclamações tendem a culpar os Clientes, ou a política da
empresa. Esta
estratégia de culpar a política da empresa não funciona, pois não vai
resolver os problemas e não vai impedir os Clientes de continuarem culpando o
empregado. Os Clientes não separam o comportamento do empregado das políticas
da empresa e atribui a culpa antes a indivíduos do que às circunstâncias
adjacentes à falha do serviço. Para
considerar reclamações como presentes, primeiro é imperativo que se aceite a
noção de que Clientes sempre têm o direito de reclamar, mesmo que para a
empresa esta reclamação seja tola. No
momento em que o Cliente envia uma carta de reclamação à empresa, ele
despende parte do seu tempo compondo a correspondência e o que espera é ser
atendido rapidamente e, principalmente, ter o seu problema resolvido. Através de levantamentos de consumidores,
sabe-se que entre 55% e 70% das pessoas que escrevem cartas de reclamação vão
continuar a ser Clientes se receberem uma resposta rápida (dentro de duas
semanas). Se esta resposta for tão rápida quanto satisfatória, 90% continuarão
a ser Clientes. O problema é saber o que fazer com os 10% restantes! É preciso que esse atendimento seja estendido
a todos os consumidores e não somente parte deles. O objetivo não é somente a
defesa das políticas da empresa, ou de afirmar que o Cliente está errado.
Nossa meta deve ser responder aos Clientes que estão nos dando este presente (a
reclamação), que são apreciados pelo tempo e trabalho que tiveram e que vão
ajudar-nos a aprender a satisfazê-los melhor. No mundo profissional, as desculpas podem
reconquistar negócios que foram perdidos no passado. Algumas vezes, uma espécie de penitência
simbólica é suficiente e necessária para demonstrar que a empresa está
realmente sentida com o que ocorreu com seu Cliente. Pode-se utilizar como penitência
a redução de preços de alguns produtos, cupons para futuras transações e
pequenos brindes. BARLOW e MOLLER (1996) mencionam um dos métodos
bastante utilizados, que são as linhas gratuitas 0800, nas quais podem ser
geradas mais reclamações, pois estas linhas são o meio mais fácil de fazer
os Clientes falarem, livres de despesas e nos horários mais convenientes para
eles. Mas não basta somente ter linhas para
atendimento das reclamações, é preciso estabelecer políticas internas
coordenadas para que os empregados tenham um conjunto de diretrizes que os
instruam a responder aos Clientes. As estruturas de comunicação também devem
estar prontas, encorajando a transmissão das reclamações da linha de frente
para o nível seguinte e até a gerência, de forma que os gerentes possam tomar
as medidas apropriadas para consertar as áreas problemáticas que foram
identificadas pelos Clientes no interior da empresa. O fato de a cultura organizacional ser ou não
receptiva a reclamações, determina como as reclamações serão administradas
pelo pessoal e até mesmo se os Clientes vão reclamar, para início de
conversa. Uma das chaves para criar esta cultura é a
delegação de poderes aos empregados, garantindo que eles estejam informados
sobre as políticas e as expectativas dos Clientes, que tenham autonomia para se
desviarem das políticas estabelecidas quando for apropriado e que tenham
autonomia para tomar as medidas necessárias ao administrar as reclamações. Uma das características determinantes de uma
cultura receptiva a reclamações é como as reclamações internas são
administradas – as reclamações que vêm dos próprios Clientes Internos. Devemos ouvi-los de forma que não se empenhem
em sabotagem quando estiverem insatisfeitos. Afinal de contas, eles não podem,
como fazem os Clientes Externos, virar as costas e procurar outra empresa, cada
vez que a sua não solucionar seus problemas. Pesquisas mostram que 86% dos Clientes
preferem fazer um telefonema gratuito através de linhas 0800 a escrever uma
carta de reclamação para a empresa, e que 62% deles preferem fazer negócios
com empresas que tenham linhas para telefonema gratuitos a fazê-los com outras
que não disponham desse serviço. Resumindo, uma empresa que não tenha linhas
para telefonemas gratuitos está em desvantagem competitiva com aquelas que têm. Para que este sistema de linhas gratuitas seja
eficaz, é necessário que seja planejado para que possa dar assistência
completa aos contatos dos Clientes. Caso contrário é melhor que a empresa não
ofereça este serviço. Além disso, hoje em dia quase todas as
empresas têm endereço na Internet, com uma opção para contato pelo correio
eletrônico. Pesquisas também demonstram que um sistema
ineficaz de serviços ao Cliente, pode causar mais danos mercadológicos do que
o não oferecimento de assistência ao Cliente. Está muito em voga o atendimento do telefone
por uma gravação que diz: “Sua ligação é muito importante para nós. No
momento todos os nossos atendentes estão ocupados. Aguarde que já lhe
atenderemos”. E passam-se longos minutos, com o Cliente ouvindo uma música, não
raras vezes irritante ou, então, propaganda da empresa. Se a ligação fosse
realmente importante, seria atendida imediatamente.
Sem mencionar aquelas gravações que terminam dizendo “por favor,
ligue mais tarde”. RIBEIRO (1995) recomenda que, ao se receber
reclamações por telefone, é conveniente informar ao reclamante que se está
“anotando, a fim de tomar as devidas providências”. Assim, o Cliente sentirá
maior responsabilidade no que se diz. De acordo com BARLOW e MOLLER (1996), muitas
empresas não têm políticas receptivas a reclamações e outras sequer possuem
políticas para tratar das reclamações. Grande parte das políticas formais
existentes foi planejada sem muita consideração quanto a satisfação dos
Clientes e encorajamento a reclamações. Na verdade estão mais preocupadas em
reduzir as inconveniências para a empresa. É preciso que alguns princípios sejam
estabelecidos para um melhor atendimento das reclamações: 1)
As
Organizações devem planejar suas políticas de reclamações para que favoreçam,
na medida do possível, os Clientes que reclamam. 2)
Devem
certificar-se que as políticas estejam coordenadas entre os vários
departamentos. 3)
Precisam
estruturas de comunicação que assegurem que as reclamações sejam fácil e
precisamente transmitidas pelos funcionários de linha de frente para a gerência. Rapidez no atendimento das reclamações é
muito importante e para que isto ocorra é necessário que os colaboradores
tenham autonomia para resolução dos problemas. O comportamento dos empregados vai determinar,
em última instância, se a cultura é receptiva a reclamações, mas há umas
poucas práticas para garantir que pressupostos de receptividade a reclamações
sejam implantados nas rotinas da Organização. Uma delas é manter os empregados bem
informados sobre as políticas que forem invioláveis e as políticas que podem
ser “desviadas”, treinar seu pessoal para que conheçam todos os produtos e
saiba satisfazer seus Clientes e, por fim, assegurar-se de que os empregados
entendam as expectativas dos Clientes. Ao se implantar um sistema para melhorar o
gerenciamento do atendimento das reclamações deve-se levar em conta que este
sistema deve funcionar sempre, esteja a empresa dando lucro ou não. Ao estabelecer tal sistema a empresa deve
atentar para alguns pontos (da mesma forma que quando projeta o serviço que
fornecerá ao Cliente): ð
O que tem
valor para o Cliente? Como a empresa pode satisfazer as necessidades do Cliente?
O que os Clientes querem? A empresa deve passar para os empregados que a
satisfação do Cliente é o coração do negócio, e que é por esta razão que
a empresa está no mercado. |