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O CHEIRO DE ÉGUA E A LEI DE MURPHY

Quando eu era adolescente, havia uma expressão que usávamos para designar alguém que tinha a propriedade de atrair sempre aqueles bêbados chatos, de quem todo mundo foge nas festas. Dizíamos que esse alguém tinha “cheiro de égua”, já que se acreditava que os pinguços inveterados adoravam a “fragrância” exalada pela versão eqüina do chamado – equivocadamente, é claro - sexo frágil. Com o passar dos anos, essa expressão passou a designar, em alguns meios, aquelas pessoas cujos problemas só acontecem com elas... Uma espécie cabocla, ou, digamos assim, uma variante da “lei de Murphy”: se tiver que dar errado, vai dar com essas pessoas.

Pois bem, outro dia meu filho disse: “Pai, acho que temos “cheiro de égua”. Algumas coisas só acontecem conosco. Ligamos pros SAC (Serviços de Atendimento ao Cliente) e eles não resolvem nada. Eu peço um refrigerante e eles enchem de limão e gelo sem perguntar se eu quero. A loja diz “aqui o cliente está em primeiro lugar”, quando se vai ver, até o cachorro do dono vem antes...”. Isso só acontece conosco. Meus amigos nunca se queixam dessas coisas.”.

Por alguns momentos fiquei cismado... Será isso mesmo? Teremos nós a faculdade de atrair o lado ruim dos prestadores de serviço? Recordei-me dos contatos com a companhia telefônica privatizada, quando eles dão razão para aqueles que são contra a privatização... Lembrei também das ocasiões em que, ao precisarmos do serviço público, é a vez deles darem razão para os arautos da privatização... Pensei no sujeito que, na semana passada marcou para fazer um serviço lá em casa às 8 horas da manhã e às dez horas não tinha aparecido... Ou, ainda nesta semana, da empresa de serviços hidráulicos que me deixou esperando a manhã toda. E sequer pediram desculpas... Isso é normal, me dizem...

Não, isso não é normal! E achei a explicação para a dúvida do meu filho na famosa crônica da escritora Marina Colassanti, “A gente se acostuma”, que me foi recomendada pela professora Regina Godoi. O texto ilustra bem o comportamento das pessoas. Em certo ponto, a escritora diz que ”a gente se acostuma a esperar na fila e ser mal atendido (...) a gente se acostuma com a grosseria alheia...”.

Não é o nosso caso. Não achamos isso normal.  Não dá pra se acostumar. Mas creio ser ainda a situação de muitas pessoas, como, provavelmente, alguns dos amigos do meu filho.