OBSERVADOR DA QUALIDADE

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A INAUGURAÇÃO DA PIZZARIA - Resposta à leitora 

Prezada Senhora,

Primeiramente gostaria de agradecer as gentis referências do início de sua mensagem, que aumentam muita a nossa responsabilidade.

Podemos dividir em partes o seu e-mail. Uma delas trata de Qualidade em Serviços propriamente dita, que é a especialidade da coluna, do curso e das palestras que proferimos. A outra aborda questões de marketing, embora possa também ser enquadrada em Qualidade em Serviços, como integrante da dimensão Aparência ou Tangibilidade do Serviço (embalagem), que engloba o Ambiente Físico e as Comunicações (folders, cartões de visita, publicidade - inclusive a propaganda “boca a boca”, que, segundo os especialistas, é a mais forte das comunicações).

Sua narrativa dá conta de que a pizzaria em questão vai bem no Fator Desempenho da Qualidade do Serviço. Afinal, qual é a razão de ser de uma pizzaria em si? Produzir boas pizzas! E, segundo a senhora, a comida estava boa. Entretanto, parece ter sido um desastre no fator Atendimento, que é responsável por como o cliente se sente ao utilizar um Serviço. E justamente na inauguração...Tudo bem que o cliente pode relevar o fato, mas não convém arriscar, pois já se disse que “você não terá uma segunda chance de causar uma primeira impressão”. O acontecido denota algo muito comum entre os que se propõe a um empreendimento: achar que basta ter um bom produto para levar um negócio adiante. Esquecem que, hoje em dia, os produtos estão cada vez mais parecidos e o que vai diferencia-los é forma pela qual o Cliente tem acesso a eles, ou seja, o Atendimento. E daí decorrem situações como a relatada, provocadas principalmente – disse-o bem em sua mensagem. – pela falta de preparo/treinamento, não só dos garçons, mas especialmente dos principais gestores da empresa.

Aliás, cabe aqui uma observação sobre esta nossa cidade. Parece haver – e a sua exposição ajuda a comprovar o fato, quando diz que o restaurante estava lotado - uma carência ou demanda reprimida por bons lugares do gênero. Tanto que já ouvi vários outros relatos como o seu, a respeito de situações semelhantes: a Casa não se prepara direito, inaugura assim mesmo, lota naquele dia e a maioria dos clientes não volta mais. Outra circunstância corriqueira é aquela em que o restaurante começa muito bem, mas ao longo do tempo vai perdendo Qualidade, seja no Desempenho (comida) ou no Atendimento e logo fecha ou troca de dono. E aí vem o célebre “agora sob nova direção”, e começa tudo de novo, formando um círculo vicioso.

Agora vamos ao outro aspecto mencionado. Devo confessar que, de início, embora entendesse o seu desconforto, não compreendi a sua indignação. Afinal é comum a associação do nome ou produto de uma empresa a outras marcas. Geralmente se busca retorno de imagem, retorno sobre as vendas, redução de custos ou, agradar a alguém. Evidentemente, tomando-se os devidos cuidados. A ligação precisa ser com um nome vencedor, de boa reputação. Já imaginou um evento que contasse com o patrocínio ostensivo dos “Equipamentos de Fuga Fernandinho Beira-Mar” ?. Menciono também o que aconteceu recentemente com a atriz Regina Duarte, que teve cancelada uma peça de publicidade para empresa de telefonia Telemar, pois uma pesquisa constatou que a imagem da atriz ficara muito desgastada junto à maioria da população, com o episódio da participação dela na última campanha eleitoral.

Sendo assim, deparei-me com a seguinte questão: a dimensão do seu desagrado era um problema estritamente pessoal ou poderia ser entendida como conseqüência de um erro de estratégia da pizzaria, de alcance negativo mais amplo? Para obter a resposta, precisei pesquisar a natureza da relação de uma escola (qualquer uma) e seus clientes (penso nos alunos, corpo docente, funcionários e os familiares de todos eles). E descobri que essa relação é bem diferente daquela que existe entre um banco e seus clientes, por exemplo. Uma pessoa pode ser cliente de vários bancos. Pode comprar em mais de um supermercado. Vai a mais de um restaurante. Pode até ter carros de marcas diferentes. Mas, sempre (ou quase sempre) freqüenta apenas uma escola, principalmente se for de idiomas, ou de dança, ou de informática... Percebi que existe, por parte dos alunos, funcionários, docentes e suas famílias, um apego à instituição, de tal forma intenso que os transforma em “apóstolos” da organização (o que, aliás, é o sonho de toda empresa), fazendo com que a rivalidade com outras escolas extrapole os limites da mera concorrência, o que pode leva-los, sim, a se sentirem ofendidos ou excluídos por uma ocorrência como a descrita.

Desse modo, concluo que realmente faltou à pizzaria avaliar essa peculiaridade, ou digamos assim, esse detalhe importante. E o prof. Marins também diz que “a Qualidade Total implica numa disciplina mental de prestar atenção aos detalhes das coisas que fazemos”.  

Estou à sua inteira disposição para outros esclarecimentos e peço que continue mandando suas críticas e sugestões sobre a coluna e também sobre o nosso site. 

Desejo-lhe sucesso.